quinta-feira, 14 de julho de 2011

Textus receptus




No início do terceiro trimestre da EBD, pedi aos alunos que fizessem uma pesquisa para descobrir a razão de haver tanta diferença entre alguns textos de algumas versões da Bíblia. Sugeri como exemplo, o texto da primeira carta de João, capítulo 5 e os versos 6,7e8, e identificassem a diferença entre a ARC (Almeida revista e corrigida), e a NVI (nova versão internacional).

Salientei também que eles deveriam buscar informações em fontes seguras e isentas de qualquer inclinação ou influência de determinada Editora ou movimento cristão. Isso porque, nós, quando decidimos estudar, acompanhar os passos percorridos para que a Bíblia chegasse até nós, como leigos que somos em relação aos idiomas originais em que a Bíblia foi escrita, ficamos  totalmente dependentes da idoneidade e capacidade daqueles que se dispuseram a trabalhar nas traduções das escrituras.

É fácil perceber que ficamos no meio de um fogo cruzado ao fazer qualquer consulta nesta área. De um lado temos a SBTB (sociedade bíblica trinitariana do Brasil) que faz pesadas críticas as versões produzidas pela SBB (sociedade bíblica do Brasil), que é responsável pela distribuição das versões ARC, ARA e TLH, e que também trabalha fortemente em defesa do seu material.

A SBTB afirma categoricamente que a única Bíblia pura para os crentes da língua portuguesa é a ACF (Almeida corrigida e fiel), enquanto a SBB apresenta a ARA como sendo a mais utilizada e amada versão das escrituras. Então percebe que há na verdade entre outros interesses, o comercial. Cada qual procurando defender o seu produto. Por isso a necessidade de beber de fontes seguras.

Os alunos se aventuraram numa viagem no tempo, procurando conhecer o percurso que a Bíblia percorreu até chegar a nós. Começando desde a era patrística, período em que a Bíblia ainda não era Bíblia, conhecendo os meios empregados na seleção dos livros considerados canônicos, tendo seu primeiro contato com Jerônimo que fez a tradução das escrituras para o Latim já no final do IV século. Esta versão foi chamada de Vulgata latina, e foi a única Bíblia usada por mais de um milênio.

Chegando a idade média ficaram conhecendo o filósofo e teólogo renascentista Erasmo de Roterdã, intelectual que abriu caminho para a reforma protestante ao publicar em grego o novo testamento. Atribui-se a ele o interesse em buscar examinar os manuscritos mais antigos dos livros bíblicos, bem como a primeira controvérsia que ele teve com as autoridades religiosas da época em relação ao texto da epístola de João.
  
Ficaram sabendo que foi a partir da obra de Erasmo que João Ferreira de Almeida traduziu para a língua portuguesa as versões que conhecemos atualmente. ( Almeida fez a tradução a partir do Textus Receptus).  Passaram também pelas cavernas de qumram, onde foram descobertos centenas de manuscritos antigos (930 documentos para ser mais exato)que ficaram sendo conhecidos como manuscritos do Mar morto, e hoje estão protegidos em alguns dos principais Museus do mundo. Este evento é considerado o mais importante dos achados arqueológicos de todos os tempos, no que diz respeito ao estudo científico da Bíblia.

Descobriram também que foi a partir destes manuscritos que foi possível fazer uma confrontação com a versão de Almeida, e que através dessa comparação que surgiu a ARA que por respeito ao trabalho do tradutor português, fez apenas algumas observações, colocando colchetes em algumas palavras e/ou textos. E chegaram, por fim, ao surgimento das mais novas versões da Bíblia conhecidas hoje, no caso a TLH, tradução na linguagem de hoje da sociedade bíblica Brasileira, e da NVI, Nova versão internacional da Sociedade bíblica internacional.

Quero então, parabenizar aos alunos que se esforçaram na elaboração deste trabalho, com a certeza que o resultado principal foi alcançado, que é o acréscimo no conhecimento de todos em relação a Bíblia.

Um abraço. Donizete

Nenhum comentário:

Postar um comentário