Na sua obra Humano, demasiadamente humano, Nietzsche desenvolveu seu pensamento acerca de vários temas, incluindo as relações sociais. Analisando os sentimentos morais e examinando o homem em si e suas atitudes e pensamentos. Nietzsche era um pensador, como sabemos, que vivia em conflito consigo mesmo. E talvez devido a sua consciência deste fato foi que ele deu este título ao aforismo.
Nos trás a lembrança também a história de que certa vez, Laura, a filha de Karl Marx submeteu o pensador alemão aquelas brincadeiras de perguntas e respostas acerca de variados temas, Típico de programas e revistas de generalidades atuais que tem o intuito de desnudar a intimidade da pessoa, e trazer a público suas preferências.
Consta que depois de responder a várias perguntas, como por exemplo: que a cor preferida é o vermelho, que o prato é o peixe, que o herói é Spartacus, foi indagado também qual era a sua máxima favorita. Sem titubear Marx responde: Nihil humani a me alienum puto (Nada do que é humano me é estranho), querendo afirmar sua convicção na idéia de fraternidade e humanidade coletiva.
Consta que depois de responder a várias perguntas, como por exemplo: que a cor preferida é o vermelho, que o prato é o peixe, que o herói é Spartacus, foi indagado também qual era a sua máxima favorita. Sem titubear Marx responde: Nihil humani a me alienum puto (Nada do que é humano me é estranho), querendo afirmar sua convicção na idéia de fraternidade e humanidade coletiva.
Essa resposta oferecida pelo filósofo expressa, com propriedade, os ideais aos quais se dedicou sinceramente por toda sua existência. No entanto, nos nossos dias egonarcisistas, estamos perdendo as perspectivas de construção de uma convivência humana irmanada; cada vez mais ganham destaques ditados como “cada um por si e Deus por todos”, “cada macaco no seu galho” que traduzindo no velho e bom português; “cada qual se vire como pode”. Muito diferente dos ideais marxistas que objetivava a consciência do “um por todos e todos por um” que no pensamento do pensador deveria permear a existência humana.
Entretanto ao constatar o sentido inverso desta proposta de vida tomada pela sociedade, começou a perder a capacidade de espanto diante de atitudes egocentristas, e num tom letárgico de desabafo exclamou: Nada no ser humano me é estranho!
Na sociedade contemporânea vemos um comportamento exacerbado de isolamento e de repulsa pela necessidade do próximo, da preferência em não se envolver com o problema alheio. E através do projeto de que para ter vida feliz e tranqüila, é necessário retirar-se para uma ilha paradisíaca, distante de tudo e afastada do maior número de humanos e humanas, isto é, isolar-se: ilha, condomínio fechado, alto da montanha, praia privativa, local inacessível, e de lá, quem sabe ficar apenas horrorizado virtualmente diante do que acontece com a humanidade no lado de fora.
Nada do que é humano nos é estranho. Prefere-se evitar o contato, Dado que, inclusive, até a maioria dos odores humanos naturais nos desagrada. Note que não nos incomodamos por acariciar o dorso suado de um cavalo ou caminhar em meio aos cheiros que exalam de uma estrebaria ou curral, alguns proclamam apreciar esse aromas; porém, a fragrância do suor humano incomoda, assim como muitos consideram insuportável os fluidos emanados de um banheiro (limpar banheiro é sinônimo de castigo!) somos capazes de ao andar pelas ruas, desviar sem problemas de fezes caninas ou felinas; contudo, encontrar fezes humanas é motivo de asco, repugnância, ou distanciamento, tal como quando nos deparamos com mendigos, doentes crônicos, menores abandonados, atitudes típicas da indiferença humana.
Quando assistimos estarrecidos líderes eclesiástico vivendo as turras, expondo publicamente sua agressividade mórbida por seus desafetos, ou sendo possuídos por comportamentos megalomaníacos, ou em outros casos querendo deixar transparecer apenas o estereótipo daquilo que essencialmente já perderam a tempos, nada mais lógico do que constatarmos sem surpresas que nada no ser humano nos é estranho.