quarta-feira, 13 de julho de 2011

Política, aprecie com moderação


 

A escalada da corrupção na política brasileira acontece numa ascensão meteórica, Todos os dias são veiculados pela imprensa novos fatos escandalosos envolvendo políticos desde o mais baixo até o mais alto escalão dos governos. Não é por acaso que muitos cidadãos de bem sente verdadeira ojeriza pela política e por políticos de um modo geral. Isto porque o ato de fazer política na atual conjuntura vem sempre acompanhado de interesses escusos, que na sua maioria não tem como objetivo primário o interesse de coletividade. O brilhante Manoel Carlos escreveu que nós brasileiros aceitamos passivamente o fato de muitos políticos perpetuarem no poder, acumulando fortunas, construindo verdadeiros impérios, a custas do desvio de dinheiro público, de falcatruas e roubalheiras, mas, ao morrerem tem o seu caixão envolto com a bandeira brasileira e recebe indevidamente todas as honrarias do estado pela sua“prestação” de serviços ao cidadão. E são até homenageados tendo seus nomes nos logradouros públicos, muito provavelmente para não nos esquecermos o quanto somos idiotas.
Os políticos brasileiros assimilaram muito bem o conselho dado por Maquiavel. Na sua obra; O Príncipe, ele diz que o político precisa ter duas vidas, a privada e a pública. Ele exclui a moral da política e diz;  “O bom homem de estado é o que alcança e mantém o poder e não tem para tal de ser moralmente bom ou virtuoso. Seguir a moral pode ser uma desgraça para o interesse público. Em nome deste pode permitir-se, quando necessário, infrações à moral (mentiras, astúcias, crimes). A política não pode subordinar-se à moral. Se o governante quiser ser virtuoso, que o seja na sua vida privada”. Seguindo esta lógica, tudo é válido desde que seja jogo político, o fim sempre justificará os meios, não importando quais forem os meios empregados. Suetônio, historiador Romano do primeiro século da nossa era, escreve que certa vez o imperador Vespasiano foi repreendido por seu filho Tito quando este o viu contando dinheiro arrecadado de forma desonesta. O imperador pegou um punhado de dinheiro e esfregou no nariz do seu filho e perguntou que cheiro tinha. Tito respondeu: não tem cheiro; daí surgiu o ditado de que “dinheiro nem fede nem cheira”. Porém quando o político é pego circulando com malas cheias de dinheiro, ou guardando em suas casas quantias elevadas em espécies, enquanto existem tantas formas bem mais seguras, como o sistema bancário por exemplo. Pode escrever, este dinheiro cheira corrupção pura!
Mudando para o assunto que nos interessa, que é esta mudança radical de postura da igreja evangélica em relação a política, e não querendo rotular (mas rotulando) a todos os evangélicos que se aventuram a navegar neste mar de lama que é a política de corruptos, faço um simples e singelo desafio: Antes porém para se ter uma idéia, um deputado federal por exemplo tem um salário mensal de R$ 16.512,09 e mais 13°,14° e 15° salário. E tem a seu dispor R$ 3.000,00 para moradia, R$ 4.000,00 para despesa com telefones, cerca de R$ 9.000,00 para passagens aéreas, R$ 1.000,00 para assinatura de jornais e revistas, R$ 15.000,00 para verba indenizatória, R$ 60.000,00 para verba de gabinete, e valor ilimitado para assistência médica. E o que mais nos deixa indignados é que tudo isso para o “ilustre” comparecer duas ou três vezes por semana em seu posto de trabalho. Então diminua o salário para um valor razoável, elimine todos os privilégios e regalias, mantendo apenas os direitos e deveres que todo e qualquer cidadão possui, e vê se continua esta obsessão desenfreada para ocupar um cargo público? No caso os políticos evangélicos não são uma exceção a regra, são farinha de um mesmo saco. E para os políticos evangélicos tem ainda um agravante, que é o fato de fazerem uso do púlpito de uma igreja, e sob o pretexto de fazer a obra de Deus, se vestem de um messianismo utópico,  prometem que irão fazer a política ideal, ser um exemplo para a moralização da política, e mais; fazem terrorismo psicológico dizendo que se não houver representante na câmara ou senado as leis contrárias aos princípios cristãos não serão combatidas como se eles tivessem autonomia para votar a revelia aos seus partidos. Ora, sabemos que os interesses partidários são mais importantes que os individuais, então que não venham com essa conversa fiada.
A história recente do Brasil nos mostra que a chegada de políticos evangélicos a cargos públicos não tem feito nenhuma diferença em termos de ética e de moral. E neste caso tem feito mais males do que bem para a igreja, pois a imagem manchada do político será inevitavelmente associada a igreja.  
Para refletir: Karl Marx, filósofo do século dezenove disse que a religião era o ópio do povo, se referindo ao estado de alienação, do entorpecimento que a religião pode produzir no indivíduo. Em certo aspecto ele tinha razão, há alguma verdade nesta afirmação. Não é que há algo errado com a fé ou com a  religiosidade, mas em algumas atitudes tomadas pelos líderes de alguns ministérios, que se aproveitam da ingenuidade das pessoas por eles lideradas. Pessoas com pouca instrução servem como massa de manobra por estes pastores/políticos inescrupulosos que fazem qualquer coisa para atingir seus objetivos. Só um alienado não percebe que muitos fazem da religião (Igreja) uma arma política muito utilizada por este grupo de vampiros de almas.


Donizete.



2 comentários:

  1. Naõ deixa de ser corretoo seu comentário, porém acredito que uma grande falha da maioria é não se envolver com a política. Não digo se envolver como candidato, mas quantos já pararam pra verificar o que seu "representante" anda fazendo no congresso e na assembléia legislativa? Quem já mandou um e-mail para seu deputado perguntando qual sua posição em relação a algum projeto que está em tramitação? Aliás, quem sabe quais são os projetos em tramitação camara? Quantos sabem o que é PL 122? Por último, quantos podem dizer que pelo menos se lembram em quem votou na última eleição?

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  2. Carmino,

    No meu ponto de vista, na política cabe o conceito "generalização". ao ingressar na política o indivíduo já coloca os pés na
    lama, e vai se afundando gradativamente. De forma indireta, todos participam das tramoias arquitetadas para o bem pessoal ou partidário. São todos farinha de um mesmo saco. A ética só existe entre eles,no aspecto corporativista. "Não existe político honesto neste Brasil, pelo menos vivo" (Evaldo)
    A questão da Lei da Ficha Limpa: é um exemplo emblemático. Qual seria a razão desta lei se arrastar por tanto tempo e não ser aprovada?Baseado nos evangelhos, que diz que os “os pecados passados devem ser jogados no mar do esquecimento para o começo de uma nova vida” , talvez tenha influenciado o STF a dar esse veredicto, para os que temiam perder o mandato por corrupção na eleição passada.

    A Constituição diz que pode ser corrupto até 2010. Só não pode em 2012 rsrsrs

    E isto fez com que uma deputada do Rio de Janeiro que tinha sido flagrada em fita de vídeo recebendo propina em 2007 não fosse cassada recentemente.
    O PECADO cometido contra o patrimônio publico naquele ano, não vale, pois ela ainda não era deputada.
    O que dizer das negociatas feita pela bancada evangélica no caso Palloci. Amigo,não escapa ninguém!
    Certo Pastor com passagem rápida pela política disse que naquele ambiente, o homem de caráter precisa ter firmeza para dizer não, não apenas uma vez por dia.
    Um abraço.

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