quarta-feira, 13 de julho de 2011

Antes e depois de Barth





Karl Barth é identificado como o fundador do movimento neo-ortodoxo e também considerado um dos grandes teólogos da historia da igreja, com Agostinho, Tomás de Aquino e João Calvino. Alguns o consideram um moderno pai da igreja, pois seu pensamento dominou o século XX. Quando os historiadores da igreja cristã analisam o século passado em busca do grande pensador que o represente, a escolha é obvia: Karl Barth. Pois quase que sem ajuda, mudou a maré da teologia protestante européia. Nesta façanha é comparável a Lutero.
Barth nasceu em Basiléia, na Suíça, em maio de 1886, sendo o filho mais velho de um pastor na igreja reformada. Foi Pastor em algumas igrejas, lecionou teologia em vários seminários da Europa.
Este grande teólogo, reconheçamos ou não, tem muita influência nos sistemas teológicos atual. A propósito; nossa crença, nosso pensamento, o que conhecemos e praticamos hoje no que diz respeito a vida cristã e a teologia, tem a interferência de sistemas doutrinários elaborados pelos grandes pensadores da história da igreja, sobretudo dos teólogos da pós-reforma.
Barth, por exemplo, deixou um legado precioso para as gerações futuras, não há como deixar de reconhecer sua contribuição no sentido de que o protestantismo voltasse a sua forma proposta pelos reformadores, com algumas transformações é claro.
Nesta oportunidade quero destacar apenas um dos aspectos de sua teologia, que é o equilíbrio que ele deu no que se refere a interpretação bíblica. Destaque para a questão da inerrância.
Barth iniciou seus estudos no momento em que o iluminismo estava em alta. Como qualquer outro estudante de sua época, teve conhecimento e influência da filosofia de Immanuel Kant, e da teologia de Friedrich schleiermacher que é considerado o pai da teologia liberal, a qual Barth bebeu de suas fontes nos primeiros anos de seu ministério.
Em meados da segunda década do século XX, Barth rompeu com a teologia liberal, depois de sofrer uma decepção com os intelectuais desse movimento, mas sobretudo ao ser influenciado por  Søren  Kierkegaard do qual ele obteve sua metodologia teológica característica: a dialética, o paradoxo, a decisão e a crise, por isso o movimento teológico iniciado por ele é também conhecido por teologia dialética, teologia da crise, neo-ortodoxia e Barthianismo.                        A teologia liberal reinava absoluta nos países europeus naquela época. Mas em 1910, numa contra ofensiva ao liberalismo surgiu um novo movimento chamado de fundamentalismo, que foi na verdade, uma reação exacerbada, que é típico de qualquer outro tipo de fundamentalismo extremo. Foi  então estabelecido dois opostos. Enquanto o liberalismo trabalhava no sentido de adequar a bíblia ao conhecimento científico e o otimismo exagerado do momento, secularizando a igreja, fazendo com que a Bíblia se tornasse um livro de antiguidades, cheias de mitos, o fundamentalismo por sua vez tinha a ambição quase doentia, bem ao estilo xiitas, de defender a inspiração verbal plena e a infalibilidade (inerrância) absoluta da Bíblia. Eram tão radicais, que os teólogos dessa ala acreditavam que até os pontos vocálicos dos textos bíblicos eram inspirados.
Graças a ação de Barth, seu pensamento, e sua teologia equilibrada, hoje podemos dizer que estamos até certo ponto livre de todo e qualquer extremismo, seja radical ou liberal. Sua leitura em relação a sagrada escritura é perfeita. Vale a pena conferir.
Karl Barth deixou importantes e volumosos escritos, como por exemplo: o comentário da carta aos romanos e a Dogmática eclesiástica, que é um sistema completo de teologia baseado na palavra de Deus. Quando ele morreu em Dezembro de 1968, a obra já consistia em treze grandes volumes.
A única idéia que talvez deixemos de compartilhar com ele, seja sua inclinação ao Calvinismo. De fato Barth defendia a soberania de Deus na eleição e “rejeitava” o sinergismo. Porém ele próprio dizia que sua doutrina em relação a salvação e a eleição era na verdade um supralapsarianismo purificado. Ou seja, bem mais light.
Para concluir: Consta em sua biografia que ele fez uma única viagem aos Estados Unidos em 1960, para participar de uma mesa redonda com vários teólogos norte americanos na Capela de Rockefeler, em Chicago.  Na fase de perguntas e respostas após o debate, um estudante  levantou-se e colocou uma pergunta que fez o auditório inteiro segurar o fôlego: “Professor Barth, o senhor poderia, por favor, resumir em poucas palavras a obra de sua vida inteira?”. Conta-se que Barth fez uma breve pausa e depois respondeu: “Certamente. Emprestando as palavras de um cântico que minha mãe me ensinou quando eu era criança: Jesus me ama, isso eu sei, porque a Bíblia assim me diz”.

Donizete

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