quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ratzinger. Vilão ou herói resignado?

  Série reflexões


O Concílio do Vaticano II tinha como principal objetivo a modernização da igreja católica.

A série de conferências visava atrair os fieis afastados, e para tanto foi tocado em temas até então muitos delicados.
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Foram repensadas, por exemplo, a relação da igreja com outras religiões, abrindo assim o diálogo inter-religioso não apenas com as outras tradições cristãs como também com as não-cristãs.

Apesar do concílio conservar a rigidez no tocante ao sexo antes do casamento, ao aborto e ao controle da natalidade, para a ala mais conservadora, ali seria decretada a secularização da igreja.

Ratzinger, que via de regra tem sua imagem associada à inquisição, como não poderia deixar de ser, postou-se como um adversário das reformas e perseguiu os ideais deliberados no Vaticano II.

Por isso é que diante do leque de razões para sua inesperada renúncia, surge no horizonte à oposição da ala modernista da igreja, que não vê com bons olhos o enrijecimento de doutrinas que seus antecessores tentaram flexibilizar.

A começar pela obstrução do ecumenismo até a abordagem de temas “bobos” como o uso de preservativos e anticoncepcionais pelos fieis.

Não acredito que Ratzinger, inteligente e antenado que é, não tenha previsto a invasão do secularismo que caracteriza a igreja católica, sobretudo a européia. Mas certamente foi um duro golpe em sua convicção engessada e conservadorismo extremo.

Certamente ele foi assessorado no sentido de que se continuasse com essa teologia jurássica seria decretada o falência da igreja em outros países europeus, como por exemplo, ocorreu com a França, que definitivamente rompeu com o catolicismo e se abriu ao Islã.

Sem contar com o descontentamento evidente das igrejas latino americana e africana, que sempre viu com bons olhos as teologias libertacionistas.

Por isso é que apesar de encarar sua renúncia como um gesto de grandeza, vejo sua saída como tardia, exatamente pela sua postura anti-modernidade e avessa a contextualização.

Que venha o novo Papa. Novo não somente em idade. Mas sobretudo, com novidades em suas idéias, pautadas na inauguração de um novo paradigma mais sensível as demandas dessa geração emergente.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Culto cristão I

  Série reflexões

A reunião cristã que ao longo da história da igreja passou também a ser chamada de “culto”, é em sua essência uma celebração da comunhão dos crentes e não unicamente um momento de adoração a Deus. Pois a adoração não pode se restringir a um momento ou a um lugar específico para sua prática, mas se concretiza quando e onde estiver alguém disposto para tal. A adoração só tem sentido se estiver em conexão com o serviço voltado para o outro. Ela é um ato interno, mas com uma atitude externa correspondente. Esta é a adoração objetiva, prevista e aceita pelo grande outro.

Neste aspecto, engana-se quem pensa ser a adoração um ato de transcendência onde nossos sentidos são voltados apenas para a esfera metafísica. Ela culmina na vertical, mas tem suas bases estabelecidas no plano horizontal. A recomendação de Jesus, é que ao ofertar a Deus (vertical) e lembrar-se que teu irmão tem algo contra ti “horizontal”, deixa a tua oferta e vai reconciliar com o teu irmão. Ou seja, o caminho para a dimensão vertical (Deus) tem sua gênese na horizontal (homem).

O pensamento vigente em relação ao propósito do momento do culto, faz emergir várias disfunções. Uma delas é a do individuo avaliar sua performance espiritual de maneira subjetiva, atribuindo-lhe validade apenas através de sua assiduidade a estes momentos em detrimento de uma vivência prática e diária da sua consciência crística.

O culto é um fim em si mesmo, e não um meio para alguma coisa. Culto não é apenas algo mentalizado e falado em duas horas de reunião. Culto é um momento de celebração à comunhão cristã e o compartilhamento das experiências e serviços prestados a Deus no espaço de tempo que o antecede.

P.S. Quase todos os termos hebraicos e gregos que definem o termo “culto”, transmitem a ideia de “trabalho” ou “serviço”. E foi com esse pensamento em mente que Paulo desafiou a comunidade cristã a oferecer a si mesma como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que o vosso culto racional. (Rm 12:1)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Anticristão.


                                                          Série reflexões


A obra "anticristo" de Nietzcshe, segundo especialistas deveria se chamar anticristão. Pois é na verdade um ensaio de uma crítica velada do cristianismo. Mas nessa obra ele também gira sua metralhadora contra o budismo, ainda que com palavras mais suaves.

Ele atribui ao cristianismo e ao budismo a alcunha de religiões da décadence. Com a diferença de que o budismo não promete mas cumpre, enquanto o cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada.

Sou honesto quando digo que tento mas não consigo tirar a razão do bigodudo quando ele diz que: "os cristãos(...) colocaram de uma vez por todas a si mesmo, a comunidade, os bons e justos de um lado, do lado da verdade - e o resto, o "mundo", do outro... Essa foi a espécie mais fatal de mania de grandeza que até agora existiu sobre a terra: uns pequenos abortos de corolas e mentirosos começam a reivindicar para si os conceitos "Deus", "verdade", "luz", "espírito", "amor", "sabedoria", "vida", como se fossem sinônimos de si, para com isso delimitar o "mundo" contra si;..." 

Até que ponto ele estava certo ainda não sei. Mas vamos refletir!