sábado, 2 de junho de 2012

Igreja comunidade & igreja sociedade



Por Donizete.

É fato que existem os efeitos colaterais nas chamadas "igrejas famílias". Toda comunidade onde sob a título de testemunho, são compartilhados, tanto os problemas como os sucessos, é comum surgirem as intromissões, a inveja, a fofoca etc... mas no meu convívio neste contexto, o que tenho observado, é que as mãos estendidas para prestar ajuda ao outro, é o que tem ocorrido com maior frequência.

Posso testemunhar que vivi momentos de crises neste ambiente. E foi justamente nesta hora em que, os problemas e as divergências emergiram, que pensei em procurar uma comunidade onde me mantivesse no anonimato, em total isolamento. 

Seria mais ou menos de acordo com a diferenciação que faz o Leonardo Boff entre a “igreja sociedade” e a “igreja comunidade”. A priori pensei ter no primeiro modelo, a melhor maneira de adorar a Deus. Pois ali eu viveria minha espiritualidade de maneira mais autônoma, onde estaria livre de qualquer compromisso ou missão, se não a de marcar presença no culto dominical. Ledo engano! Pois não existe adoração legítima, se esta estiver desconectada de serviço. E não existe serviço se não houver participação e unidade com os demais. 

Como sabiamente disse alguém: “o contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença”. 

E esta consciência crística nos leva naturalmente ao envolvimento com as adversidades alheias, bem como de poder estar compartilhando dos momentos festivos e de alegria.

Cheguei a conclusão que os laços de fraternidade é essencial para a eliminação de diferenças e necessidades. Onde se prevalece o fator comunidade, fé e vida se fortalecem concomitantemente, minorando as crises existenciais entre seus membros. 

O fato de muitos historicizarem experiências desagradáveis no seio de uma comunidade não deve condená-la por completo. Pois se numa família nuclear existem tantos desafios a serem enfrentados para manter a estabilidade da mesma, imagine esta família multiplicada por cem?


Este texto é na verdade um comentário meu ao excelente texto do rodrigo na confraria teológica. www.logosemithos.blogspot.com 

9 comentários:

  1. muito bom doni eu sou um simpatizante da igreja família feito comunidade.

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  2. Caro Doni,

    Muito boa esta reflexão! Creio que vai edificar a vida de muita gente que está pensando em se afastar de sua congregação baseado em problemas de relacionamentos com o irmão.

    Sinto que precisamos encarar o desafio de vivermos em comunidade. Não é nada fácil nesses dias de individualismo e falta de identificação com um propósito coletivo. Algo que, lamentavelmente, os pregadores midiáticos defensodres da teologia da prosperidade conseguiram minar transformando suas igrejas num supermercado de bençãos.

    Fico feliz que os debates lá na confraria tenham gerado este seu texto.

    Uma ótima semana pra você!

    Paz!

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  3. “o contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença”


    Em tempo! Eis aí outra reflexão interessante. Pois, sob certo aspecto, quem odeia é porque se importa. Tal pessoa que diz odiar talvez estaria com o seu zelo a flor da pele e se sentindo ferida. Só que ela não assume o quanto se interessa por seu desafeto e que, no fundo, gostaria de estar em paz.

    É por isso que também não considero todos os que se confessam ateus como ateus de fato.

    Pra mim, são realmente ateus os que vivem num estado de indiferença espiritual e que podem se confessar até crentes.

    A meu ver, o ateu que tenta a todo tempo provar pra todo mundo sua crença na inexistência de Deus é alguém com grande carência espiritual. Ele só não quer assumir sua condição.

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  4. Doni, o que faz as pessoas buscarem os núcleos familiares é o desejo de uma vida cristã mais simples. Querem fugir das hierarquias intermináveis, dos estrelismos das grandes igrejas, mas eu acho que no final acabam vendo que a escala reduz mas não altera o panorama. As igrejas menores sofrem dos mesmos problemas: estrelismos, autoritarismo, abusos...a pessoas que desejam viver em comunidade vão ter que aturar isso, por que afinal isso tudo acontece por que somos humanos. Se não for por falta de fé em Deus ou por questões doutrinárias,é melhor ficar onde estar mesmo e ir levando, tentando fazer a diferença.
    Abração.

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  5. Gil, Rodrigo e Mari,



    Como eu disse lá na confraria, em alguns aspectos, a igreja, no sentido de comunidade perdeu um pouco de sua essência, Quando a hierarquização elevou a liderança a patamares quase divinas, e essas restringiram sua permanência em sua plataforma não interagindo corpo a corpo com os demais. Na minha opinião, a liderança deveria descer até o nível do povo e o povo subir até o nível da liderança. Aí talvez teremos uma comunidade cristã justa e saudável.

    O problema talvez, seja em função da igreja ter se tornado refém da cultura de consumo que a assola a sociedade. Neste aspecto, algumas igrejas encarnaram o papel de prestadoras de serviços religiosos, no qual o produto principal é Jesus.

    Os pastores transformaram-se em grandes gerentes que são avaliados pela eficiências e capacidade de venda de seu produto. O pior é que a cada dia aumenta mais quantidade de crentes com mentalidade de consumidores, como se tivessem diante de um balcão de ofertas.

    Quando as coisas chegam a esse nível, sinal de que a igreja, como comunidade, está a beira da falência.

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    1. "(...) a liderança deveria descer até o nível do povo e o povo subir até o nível da liderança. Aí talvez teremos uma comunidade cristã justa e saudável"


      Concordo!

      E a ideia de que o Messias a si mesmo se humilhou tomando a forma de servo serve de encorajamento para isso.

      Só Deus deve ser exaltado!

      Abraços.

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  6. Lembrei que já tinha lido isso por lá...rsss

    Eu tenho que concordar com você. Mas por "serviço" se for entendido o serviço na e para a igreja, eu discordo. Cansei dos infindáveis Mês da família, mês das missões, mês das crianças, mês das barraquinhas de junho, etc etc etc.

    Não que essas coisas sejam ruins em si mesmas, mas as pessoas acabam por achar que estão em "diaconia" ao se envolverem em tais departamentos. Por isso, não quero mais fazer nada do tipo na igreja. Aliás, o que me atrai ainda na igreja, é exatamente essa possibilidade de comunhão com pessoas de fé, que longe de serem perfeitas, são apenas reflexos de que também somos.

    Nem mesmo as repetições infindáveis da rotina lutúrgica não mais me atrai. A não ser, claro, quando se canta algum "himo" daqueles bem antigos, que povoou os meus sentimentos de menino "de igreja"...rsss

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    1. Mas será que não é a maneira como se trabalha os meses da família, das missões e das barraquinhas juninas que precisa ser reavaliado?

      Eu acho todos esses temas maravilhosos, Edu! Mas acho que eles devem estar bem próximos da nossa realidade.

      Este mês de junho é fantástico as pessoas reunirem-se numa aconchegante festa junina. O ambiente mais frio que ajuda a nos aproximar em volta de uma fogueira apenas para convivermos sadiamente, brincarmos com as crianças, contarmos piadas e também orarmos trata-se de uma fantástica oportunidade. Claro que, na prática, nem sempre é tão bom assim e ainda há quem faça o discurso da demonização das festas desse mês no meio evangélico...

      Eu quero continuar a fazer parte da Igreja de Cristo, mas não quero submeter-me a doutrinas, autoritarismos, modelos sectários de comportamento, dogmas, etc. Tais coisas bloqueiam o meu crecimento espiritual.

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  7. rsrsrs lembro bem deste seu comentário Doni.

    Bom, vc já sabe minha opinião né? encontrei a alegria da comunhão e o prazer de servir (serviço), fora dos portões da igreja.

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