
Qualquer nova leitura do evangelho, que não seja a convencional, soa aos ouvidos dos líderes eclesiásticos como uma apostasia da fé.
Qualquer doutrina com proposta de primazia à vida e à liberdade, logo é tachada de mundana, pois o religioso acredita que deve odiar aquilo que é amado pelo mundo. Logo, não consegue amar o que é tão simples e amável enquanto humanos.
Com a formulação de sua cartilha de regras e princípios morais, a igreja até hoje não percebeu que “tolhimento de liberdade” e certa dose de “injeção de culpa” é uma combinação explosiva.
Pois na tentativa de seguir a risca os homens se tornam mais religiosos que o próprio Deus. O fracasso resulta na produção de sujeitos neuróticos. Que acreditam compensar suas falhas com a negação de prazer.
Colocam toda sua esperança de felicidade no além mundo. Não atentando para o que disse Bonhoeffer: “aquilo que está acima do mundo, no evangelho, tem o propósito de existir para este mundo. É somente quando amamos a vida e o mundo com tal intensidade, que sem eles tudo estaria perdido, que podemos crer na ressurreição e num mundo novo”
Enquanto estivermos nesse mundo, nele estará nosso objeto de felicidade. Ele é a ante-sala do paraíso. Sem a felicidade e prazeres do mundo a qual pertencemos, a felicidade e prazeres do mundo por vir nos serão estranhos quando a ele pertencermos.
E sendo o homem a paixão última de Deus, Ele também é um humanista no sentido de ter na felicidade do homem sua única preocupação.