terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A INCOMPATIBILIDADE DAS RELIGIÕES DO LIVRO

Por Eduardo Medeiros

  

APESAR DE TEREM uma origem comum e de pertencerem teoricamente ao mesmo Deus, judaísmo, cristianismo e islamismo, conhecidas como "Religiões do Livro" atravessaram a história em grandes conflitos.  O judaísmo não reconheceu em Jesus o messias esperado e rejeita a partir de suas compreensões religiosas tanto o cristianismo quanto o islamismo. O cristianismo já foi anti-semita, julgou o povo judeu de ser responsável pela morte de Jesus e ainda hoje questiona a "cegueira espiritual" dos judeus; de igual modo, nunca cogitou aceitar a revelação de Deus no Corão como válida já que ali é negado a morte de Cristo na cruz (S.4-v.156) e o caráter de Filho de Deus do Nazareno(S.5-v.76 e 79); por consequinte, rejeita sua ressurreição. Por sua vez, o islã se julga como depositário da última revelação de Deus na linha direta de Abrãao, de Moisés e de Jesus. Evidentemente, não aceita os pressupostos nem do judaísmo e nem do cristianismo.

Quem tem a revelação "verdadeira"? Qual livro é "infalível", "inerrante", "inspirado"?

POR SUA NATUREZA os monoteístas são geradores de fanatismo religiosos, especialmente no início das suas histórias. Eles cultivaram uma CRENÇA PERIGOSA: a de terem, cada um, A VERDADE. Junte-se a isso, a missão auto-imposta de converter o mundo(cristianismo e islamismo) que foi geradora de intermináveis banhos de sangue durante os séculos.

 POR ESTA e outras razões, não posso admitir que a Bíblia seja A REVELAÇÃO ÚNICA E INFALÍVEL DE DEUS, assim também com a Torá e com o Corão,  pois não há qualquer comprovação histórica acima de qualquer refutação para tal afirmação. Ninguém pode se declarar dono da inspiração divina. Qualquer afirmação nesse campo não vai além da crença e da fé. E fé por fé, quem pode negar a fé do outro? baseado em quê? Em sua crença que tem a "verdade"? Mas se o outro também afirma a mesma coisa, qual parâmetro imparcial que existe para se provar que um está certo e o outro errado? NÃO EXISTE TAL PARÂMETRO, a não ser os parâmetros de cada um em seus círculos dogmáticos subjetivos.

REPITO aqui um recente comentário que fiz no blog da Confraria:

como seria bom se um dia todas as religiões do mundo fizessem das duas uma:

1 - Decretariam que a partir daquele momento todos as intituições, todos os dogmas, todos os rituais e toda a alienação que sua religião provoca estariam sumariamente abolidas e só restaria essa dimensão psíquica NECESSÁRIA ao homo sapiens de ser homo religiosus mas nada mais poderia ser construído a partir daí, apenas a CONTEMPLAÇÃO, o que acarretaria que todas as imagens de Deus não teriam mais importância alguma, pois todos chegaríam à conclusão que todas elas são incompletas, geradoras de conflitos, reducionistas, individualistas e absolutistas.

ou,

2 - Estaria decretado que toda e qualquer religião chegaria à compreensão de que todos os seus ritos, dogmas e preceitos, são apenas construções culturais e que em nada reflete a VERDADE ABSOLUTA DIVINA; daí, resultaria que todos os religiosos não mais tomaram para si a VERDADE DA FÉ, mas compreenderiam que a VERDADE RELIGIOSA DO OUTRO é complemento para a sua própria; e quem nem assim, com todas as fés do mundo juntas se complementando em suas diferenças, ainda sim, não chegariam nem próximo da VERDADE ABSOLUTA DIVINA, pois ela está fora do alcance de nossas mentes.

27 comentários:

  1. Eduardo,
    Amei o texto lá da confraria e esse aqui igualmente. Gosto de seus textos pois vc parece saber traduzir o que eu penso e não sei dizer. rs...

    O problema das religiões do livro é justamente isso: A detenção, propagação da verdade e a salvação. Se eu detenho a verdade, preciso propagá-la e fazê-la ser aceita a qualquer preço, só nisso com uma breve reflexão chegamos a conclusão de que não mesmo possível que seja essa a verdade verdadeira, a que não cabe em livros e que se baseia no amor..

    Abraços!

    Donizete, gostei do novo visual de seu blog.

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  2. Labacéia!!!!!!

    que honra um texto meu figurar aqui nesse recanto cujo dono é mestre de 33 graus nos mistérios teológicos barthinianos e etc etal...kkkkkkkk

    Doni, você podia ter feito umas melhorias no conteúdo literário do texto pois relendo-o vejo várias construções não muito bem feitas. Esse é um grande erro meu: quando escrevo, fico possuído pelo espírito de algum escriba antigo e vou dedilhando muito rápido e depois nem sequer me dou ao trabalho de corrigir as frases mal feitas. Mas já estou melhorando neste aspecto, eu já releio o que escrevo, e até reescrevo...rss

    Agora falando sério, é uma pena mas acho que jamais as religiões do Livro vão fazer essa relativização que traria um diálogo tão necessário para a própria religião. Mas também é verdade, que nas três tradições monoteístas, existem aqueles que ousam propor tal coisa para o bem da própria fé.

    Mariani, nem diz isso, logo você, uma poeta teóloga de mão cheia...rs

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  3. ah, esqueci de dizer, finalmente deu uma repaginada no blog, né? ficou legal. Foi você mesmo quem fez ou pediu ajuda aos universitários...?

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  4. Edu,

    Seu texto é fantástico. Perfeitamente elaborado. as verdades abordadas e contidas em cada parágrafo traz subsídios suficientes para escrever um livro.

    O estudo da origem comum das três religiões monoteístas e seus respectivos escritos tidos como sagrados; (As três juntas ultrapassam a casa dos 55% da população mundial)
    PS. Apesar da tendência natural do ser humano em ser politeísta ou henoteísta.

    O raciocínio lógico acerca da intolerância da fé monoteísta. cujas razões não são facilmente explicáveis.
    PS. Segundo estudiosos os desenvolvimentos dos direitos humanos, tem sua gênese na fé monoteísta. Isso não soa contrário a boa lógica?

    A sua ousadia em relativizar a autoridade dos escritos. Atitude considerada pelos seus seguidores, a mais ultrajante das heresias.

    E sua inteligente conclusão, inspirado pelo mais legítimo espírito ecumenista, que faria Karol Wojtyla tirar o chapéu para ti.

    Valeu amigo!

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  5. Mari e Edu,

    Que bom que gostaram do visual do Blog. Estou aprendendo a lidar com isso. Mas ainda tem alguns detalhes que vejo nos outros blogs que eu gostaria de colocá-los aqui. Devo contar com a ajuda de vocês? rsrs

    Abraços!

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  6. Donizete, qualquer ajuda com a decoração do blog pode pedir, mas acho que eu colocaria umas flores, corações, bichinhos e fugiria do seu estilo rs...
    Esse assim tá muito bom!

    Edu, esse negócio de ser tomado por um espírito de escriba antigo eu conheço com o nome de PSICOGRAFIA. Sei não, hein! rs.

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  7. Doni, tomei um baita susto quando li o texto, sem perceber que era do nosso grande e queridíssimo herege Eduardo de JESUS.

    Edu, eu não penso em que as religiões se unificassem; como você mesmo diz, seria bom aprendermos uns com os outros. Creio sim, que é fundamental que nos respeitemos dentro dos nossos credos.

    Quantas vezes um espírita, um católico, um muçulmano encontra mais argumento na fé evangélica e se torna um de nós? Já ouvi também o contrário. Portanto, para mim o problema não são os credos e sim a falta de amor que se nutre por causa das diferenças.

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  8. "Mas se o outro também afirma a mesma coisa, qual parâmetro imparcial que existe para se provar que um está certo e o outro errado? NÃO EXISTE TAL PARÂMETRO, a não ser os parâmetros de cada um em seus círculos dogmáticos subjetivos."

    Creio que é de suma importância que eu esteja bem convicta de para quem eu direciono minha fé.
    Deus já me falou profundamente através de um livro considerado apócrifo, mudando radicalmente uma área da minha vida, positivamente.

    Partindo deste principio, se outro crê em Buda, Alá, Alan Kardec, etc e afirma ter experiências transcendentais como eu as tenho, em nada vai mudar as minhas convicções, e quando eu prego o evangelho de Cristo a tais pessoas, não estou sendo irrespeitosa e sim dentro da minha concepção, estou amando tais pessoas.

    Beijão meu grande herege.

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  9. Gui,

    a vontade de "converter" o outro não é um tipo de intolerância com a fé do outro? De fato, quando um cristão diz que "só Jesus salva" automaticamente ele está dizendo que fora da fé cristã não há salvação e que a fé do outro é falsa. Talvez os cristãos sinceros e movidos pelo sentido de missão chamem isso de amor(e acredito piamente que é amor mesmo) mas na verdade, é um amor que não aceita a fé do outro.

    Eu deixei de pregar a salvação cristã há muito tempo. Mas se alguém vier a mim e me pedir para falar do evangelho de Jesus, eu falo, e digo que no evangelho há alegria transbordante para quem souber vivê-lo.

    Eu sei que minha atitude é peculiar, anti-evangélica e não cristã; sem problemas, Jesus também tinha muitas peculiaridades, a mais interessante é que ele não era cristão.

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  10. Doni,

    eu acredito que uma fé monoteísta possa ser universalista no sentido de ser ecumênica. Basta ela dizer que o deus das religiões, na verdade é o Deus único, que todos buscam o mesmo e único Deus somente com crenças diferentes e que isso não invalida essas crenças.

    é...é difícil...

    quanto ao blog, pode perguntar...heeeee

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  11. Mari,

    psicografia?????? pelas perucas do santo Xavier, será que eu sou um médium e preciso me desenvolver...???? rsssss

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  12. Edu, qual o problema se eu creio absolutamente que só em Jesus há salvação e não creio que em outro deus haja salvação?

    Eu creio nisto com todo meu coração, isto não implica em faltar com respeito ao credo dos outros. Agora eu digo como Paulo, "Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, ... hoje me ouvem, se tornassem tais qual eu sou, menos estas cadeias..."

    Eu não tenho dúvidas Edu que Jesus morreu pelos nossos pecados e que o evangelho na sua essência trás a mensagem de salvação.

    Mata tu né Duzinho?

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  13. kkkkkkkkkkkkk Edu você é sim, um mediador que está meio herege, mas pelas orações da sua esposa, minhas, e de outros vai chegar a uma posição de ministro da palavra.

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  14. gui,

    eu não disse exatamente que é um problema se crer em qualquer coisa. o que eu disse e repito é que uma fé que não aceita a fé alheia, mas pelo contrário, quer acabar com essa fé através da conversão para à sua própria fé, é construtora de guerras e inimizades. mas eu sei que não há esse sentimento mesquinho em você. eu já sou ministro da palavra. ...rssss

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  15. Você tem a sua verdade não tem Edu? esta é sua, cada um tem a sua verdade absoluta Edu, e se todos pensassem iguais como seria??
    Você quer, e passa a sua verdade aqui na blogosfera a todos,e assim vai meu amigo. Você acaba caindo naquilo que você tanto critica, você com sua fé que é uma construção que você gosta tanto de dizer, quer acabar com a fé alheia também. Bjs, saudades!

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  16. Rô, existe uma diferença aí. eu não quero acabar com a fé de ninguém fora do cristianismo pois eu acredito que todas as fés são bem vistas por Deus. Agora, no meu meio, eu posso discordar com crenças que eu ache que vão contra exatamente o meu entender de que todos os homens de fé estão no caminho para Deus. Critico o cristianismo dogmático e exclusivista por que não sou um cristão dogmático e exclusivista mas é claro que também não quero que os dogmáticos exclusivistas cristãos morram, apenas que evoluam.

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  17. Edu, você não entendeu até agora.
    Eu tenho todo direito de acreditar que outras crenças estão erradas. Respeitar é uma obrigação minha, mas tê-las como correta ai vai contra o que eu creio. Seria uma contradição.
    Eu faço exatamente o que Jesus me diz: "Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura." Por que eu prego? Porque eu CREIO que só em Jesus a salvação, e porque eu amo as pessoas, e quero que elas tenham um encontro com Jesus, para que essas pessoas sejam transformadas pela renovação das suas mentes.

    Entendeu agora?

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  18. Edu,

    Em 1900, o secretário geral da sociedade missionária norueguesa, Lars Dahle, considerou que todas as religiões fora o cristianismo, estavam moribundas, e que todas elas iriam desaparecer em breve.
    Com base em cálculos matemáticos, ele pôde predizer calmamente que, por volta de 1990, toda a raça humana teria sido conquistada pelo cristianismo.

    Outro a fazer vaticínio semelhante foi o fundador da sistemática missiologia e renomado teólogo, Gustav Werneck.
    Em seus estudos ele fez uma distinção entre um fundamento “sobrenatural” e um “natural” para missão. No tocante ao primeiro, ele identificou dois elementos: a missão está fundamentada na escritura, particularmente na grande comissão de Mateus 28, e na natureza monoteísta da fé cristã.

    Igualmente importantes são as bases “naturais” para a missão. Daí ele colocou:
    a, O caráter absoluto e a superioridade da religião cristã em comparação as outras;
    b, a aceitabilidade e adaptabilidade do cristianismo para todos os povos e condições;
    c, as realizações superiores da missão cristã nos campos de missão;
    d, o fato de que o cristianismo tem mostrado, no passado e no presente, ser mais forte do que todas as outras religiões.

    E com estas constatações, segundo ele era fácil prever que no decorrer do século XX o cristianismo iria dominar o mundo.

    Agora Edu, sabemos que definitivamente eles não estavam com a razão, visto que o cristianismo está perdendo terreno para outras religiões, sobretudo para o islamismo. Tanto é verdade que, alguns países europeus que sempre foram predominantemente cristãos, hoje já estão sendo considerados alvos de missões cristãs.

    A que se deve este fenômeno? Sei que o motivo não se resume a uma causa apenas, mas seria possível apontar pelo menos a principal?

    É com você Mestre!

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  19. Gui, eu entendi sim, e continuo afirmando a mesma coisa que já disse. Inclusive existem muitas dúvidas se Jesus de fato disse "Ide por tudo mundo..."

    Doni,

    O que você escreveu demonstra qual era a visão de missão de alguns teólogos do passado. A verdade é que o cristianismo está em plena decadência. E até nos países onde o movimento cristão evangélico parece estar a pleno vapor, como no Brasil, o que existe por aqui é um tipo de cristianismo que já não é o cristianismo reformado e nem mesmo o cristianismo pentecostal clássico. Esses dois cristianismos estão falidos por aqui.

    Na Europa, eu tenho que admitir, que a teologia liberal do século XIX foi uma das principais responsáveis pela decadência do cristianismo. Talvez por que a teologia liberal não soube equilibrar a fé com a crítica. Ela criticou muito(e com razão em muitos momentos) mas esqueceu-se de alimentar a fé. E o movimento fundamentalista que surgiu para se contrapor ao liberalismo equivocou-se no dogmatismo e no anti-intelectualismo e na fé cega.

    O cristianismo católico é um dinossauro que teima em querer impor uma moral aos seus fiéis mas que quase ninguém segue.

    Doni, não parece que que o cristianismo só durou 400 anos e o que houve com ele depois de Constantino foi sua falência?. A reforma pretendeu dar um fôlego novo à fé cristã mas com o tempo cometeu seus próprios erros. O pentecostalismo deu uma sacudida na fé cristã mas veio carregado com misticismos e também anti-intelectualismo.

    O cristianismo nos EUA de modo geral é de um lado uma religião de mercado, cheio de invencionices espúrias e de outro, fundamentalista intolerante e dono da verdade única. O neopentecostalismo brasileiro, idem.

    Talvez devéssemos voltar para uma época pré cristã para redescobrirmos as raízes da fé cristã; nos aproximarmos mais da fé judaica segundo a interpretou Jesus e contextualizá-la para nosso tempo.

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  20. Bom Edu, cada um escolhe a que ou a quem quer ouvir...

    Beijo.

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  21. Gui,

    da minha parte não é bem assim; eu procuro ouvir todas as vozes que sejam relevantes.

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  22. Ouvir não é receber. Examinai tudo e retende o que é bom! rsrs

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  23. DONI,

    um feliz natal para você e sua família. receba aí um abração deste teu aluno herege. foi bom te conhecer este ano.

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  24. Oi Doni, passando pra lhe desejar um Feliz Natal pra ti e para os de sua família. Que a presença de Jesus seja constante em sua vida.

    "Doni" pegou né?? Legal! rs

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  25. Olá Donizete,faz tempo que eu não passo por aqui.
    Sobre a questão "dos livros", no meu entender, mas importante do que crer nesse ou aquele Deus, acredito que as diferentes culturas tão somente criaram livros que se adequassem a sua maneira de pensar. Como um gentio poderia se adequar a Torá se ele não nasceu judeu? No máximo chegaria apenas a ser um prosélito. Os árabes abraçaram o islamismo simplesmente porque não poderiam aceitar uma fé cuja salvação vem dos judeus. Enfim, a grandes religiões monoteistas tem as mesmas raizes, mas é uma pena que a humanidade quer que as escrituras se adequema a nós e não o contrário.
    Agora que o Islamismo cersce mais que o cristianismo, acho que o fator natalidade pesa mais do que falta de missionários cristãos.

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