
Série reflexões
As religiões arcaicas se baseavam na violência e no medo de Deus.
Havia entre elas algo em comum: o conceito de que sacrifícios de sangue seria o único meio de aplacar a ira de seus deuses.
Moisés, seguindo os padrões primitivos e motivado pelas mesmas premissas, elaborou engenhosamente um sistema que tornasse os sacrifícios cruentos viáveis.
A tese central do cristianismo no tocante ao meio de salvação, contém os mesmos mecanismos de bode expiatório presente nestas religiões.
Apesar do moroso avanço dos saberes, o cristianismo percebeu que uma religião para continuar viva precisava parar de matar. As religiões que matavam morreram ali.
Entretanto, o "espanto" diante do poder dos fenômenos naturais, originador da religião, que por sua vez originou no homem o sentimento de culpa, continua presente.
Rudolf Otto disse que o sagrado tem duas faces. Ele é ao mesmo tempo fascinante e repugnante. maravilhosa e temível, necessária e perigosa. Atrai, seduz e dá medo com sua ameaça.
O sagrado tem as vezes uma face angélica, quando traz a uma mensagem que atinge no mais profundo de nós e que nos coloca no caminho a um futuro ou uma alteridade.
Mas assume em outras ocasiões uma face demoníaca, quando nos enclausura e nos imobiliza. Ela é esmagadora e destruidora quando nos impõe o limite de práticas insensatas e de dogmas incompreensíveis que, em vez de nos remeter a Deus, se substituem por Ele.
Esta face demoníaca nos remete a um sacrifício para ser imobilizada.
O passado chegou ao futuro e o presente voltou ao passado. A religião desperta até no homem pós moderno os instintos mais primitivos.