terça-feira, 8 de novembro de 2011

Afirmações diretas das escrituras


Entende-se por afirmações diretas das escrituras o método utilizado pelos teólogos para apoiar um ensino. Em síntese, é o uso de um texto bíblico para a elaboração e sustentação de uma doutrina. O problema é que, as afirmações diretas, às vezes na sua superfície parecem soar como absolutas, mas podem, contudo, ser qualificadas ou relativizadas por outras evidências da própria escritura.

Em muitos casos o material bíblico é bastante claro onde a pessoa pode afirmar sua doutrina com precisão. Em outros casos, porém, a evidência das escrituras é escassa e indistinta, e qualquer conclusão a que se chegue deve ser encarada apenas como uma das possíveis.
Não devemos sustentar um argumento apoiado por um versículo das escrituras tirado do seu contexto e absolutizado, sem referência ao ensino bíblico mais amplo sobre o assunto, ou seja: usar uma referência sem levar em conta o contexto literário e histórico no qual o texto está inserido.

As afirmações diretas das escrituras são usadas geralmente como “trunfo” numa discussão de caráter teológico. Porém é importante saber que, uma afirmação tem autoridade até o ponto em que esta afirmação seja interpretada de modo correto dentro do seu contexto. É um erro primário descontextualizá-la para torná-la universalmente válida.

Uma qualidade chave que todo cristão deve desenvolver é a habilidade de reconhecer uma distinção entre a verdade e o entendimento particular que alguém ou ele próprio tem da verdade. Não se trata de insegurança ou incapacidade de descobrir respostas, mas sim por princípios epistemológicos.

Recentemente li um texto que Rubem Alves escreveu no jornal Correio popular aqui de Campinas, mas que já havia escrito anteriormente na folha de São Paulo, em 30 de setembro de 2008 que ilustra muito bem esse ponto.

Geralmente evito colocar produções de outros autores. Mas o texto abaixo é tão interessante e responde tão claramente à idéia que muitos possuem, sobretudo alguns fundamentalistas que acreditam que tudo o que está escrito na Bíblia deve ser observado irrestritamente que resolvi publicar:                                                     

"Digo isso a propósito de carta dirigida a Laura Schlessinger, conhecida locutora de rádio nos Estados Unidos. Que tem um desses programas interativos que dá respostas e conselhos aos ouvintes que a chamam ao telefone. Recentemente, perguntada sobre homossexualidade, a locutora disse que se tratava de uma abominação, pois assim a Bíblia afirma no livro de Levítico 18:22 .

Um ouvinte escreveu-lhe então uma carta que vou transcrever: “Querida dra. Laura: Muito obrigado por se esforçar tanto para educar as pessoas segundo a Lei de Deus. Eu mesmo tenho aprendido muito em seu programa de rádio e desejo compartilhar meus conhecimentos com o maior número de pessoas possível.

Por exemplo, quando alguém se põe a defender o estilo homossexual de vida, eu me limito a lembrar-lhe que o livro de Levítico, no capítulo 18, versículo 22, estabelece claramente que a homossexualidade é uma aberração. E ponto final... Mas, de qualquer forma, necessito de alguns conselhos adicionais de sua parte a respeito de outras leis bíblicas concretamente sobre a forma de cumpri-las:

Gostaria de vender minha filha como serva, tal como indica o livro de Êxodo, 21:7. Nos tempos que vivemos, na sua opinião, qual seria o preço adequado?

O livro de Levítico 25:44 estabelece que posso possuir escravos, tanto homens como mulheres, desde que sejam adquiridos de países vizinhos. Um amigo meu afirma que isso só se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Será que senhora poderia esclarecer esse ponto? Por que não posso possuir canadenses?

Sei que não estou autorizado a ter qualquer contato com mulher alguma no seu período de impureza menstrual (Lev. 18:19, 20:18 etc). O problema que se me coloca é o seguinte: como posso saber se as mulheres estão menstruadas ou não? Tenho tentado perguntar-lhes, mas muitas mulheres são tímidas e outras se sentem ofendidas.

Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no sábado. O livro Êxodo 35:2 claramente estabelece que quem trabalha no sábado deve receber a pena de morte. Isso quer dizer que eu, pessoalmente, sou obrigado a matá-lo? Será que a senhora poderia, de alguma maneira, aliviar-me dessa obrigação aborrecida?

No livro de Levítico 21:18-21 está estabelecido que uma pessoa não poderá se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito na vista. Preciso confessar que eu necessito de óculos para ver. Minha acuidade visual tem de ser 100% para que eu me aproxime do altar de Deus? Será que se pode abrandar um pouco essa exigência?

A maioria de meus amigos homens tem o cabelo bem cortado, muito embora isto esteja claramente proibido em Levítico 19:27. Como é que eles devem morrer?

Eu sei, graças ao Levítico 11:6-8, que quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. Acontece que adoro jogar futebol americano, cujas bolas são feitas de pele de porco. Será que será permitido continuar a jogar futebol americano se usar luvas?

Meu tio tem uma granja. Deixa de cumprir o que diz o Levítico 19:19, pois planta dois tipos de sementes no mesmo campo, e também deixa de cumprir a sua mulher, que usa roupas de dois tecidos diferentes, a saber, algodão e poliéster.

Além disso, ela passa o dia proferindo blasfêmias e maldizendo. Será que é preciso levar a cabo o complicado procedimento de reunir todas as pessoas da vila para apedrejá-los?

Não poderíamos adotar um procedimento mais simples, qual seja, o de queimá-los numa reunião privada, como se faz com um homem que dorme com sua sogra, ou uma mulher que dorme com seu sogro? (Levítico 20:14).

Sei que senhora estudou esses assuntos com grande profundidade de forma que confio plenamente na sua ajuda. Obrigado de novo por recordar-nos que a Palavra de Deus é eterna e imutável””.


Donizete.

27 comentários:

  1. Eduardo Medeiros disse...
    doni,

    meu amigo teólogo companheiro na desconstrução da dogmática(pelo menos até certo ponto...heee).

    já conhecia esse provocador texto do rubens. lendo hoje tais preceitos, não me admira que muitos ateus inimigos da fé, digam que a bíblia é um livro primitivo, violento e justificador de atrocidades incabíveis para o homem do século presente.

    e é mesmo.

    até hoje os conservadores evangélicos gostam de citar textos do AT para justificar algum padrão moral esquecendo de levar em conta todo o contexto em que tais livros foram escritos.

    e digo mais, muita coisa no NT também segue o mesmo caminho, ou seja, textos que nada têm a nos dizer se forem lidos literalmente.

    relativizar ensinos bíblicos é necessário para não se cair em anacronismos mas os ortodoxos se arrepiam quando houvem dizer que a bíblia deve ser relativizada e continuam tomando para si(e querendo impor aos outros) ensinos que já não tem nenhum valor prático para o homem pós-moderno.(e até mesmo para a prática de fé do homem pós-moderno)

    por outro lado, quando descobrimos que a bíblia possui uma camada de leitura mais profunda do que o literal que está na superfície(como fazem e fizeram muitos rabinos e cabalistas), então descobriremos de fato, tesouros escondidos no texto bíblico.
    7 de novembro de 2011 05:48

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Edu,

    Desconstrução? não diria assim! pelo menos não totalmente. Apenas não contribuo para manter em pé algumas paredes que construíram em torno da dogmática. rsrsrs. Por isso "até certo ponto" né?

    Na verdade Edu, vejo com reservas a utilização de textos do antigo testamento para servir de base para uma mensagem na igreja. A não ser é claro, que seja muito bem articulada, contextualizada corretamente e exposta com extrema sabedoria e habilidade. Porque senão corre-se o risco de doutrinar conceitos comuns para aquela época mas obsoletas e nocivas para nós.

    Não que seja impossível transmitir uma mensagem cristocêntrica a partir do antigo testamento. A questão é que o pregador corre um risco desnecessário, visto a imensidão de recursos contidos no novo testamento.

    Na verdade Edu, como disse Shedd: "Os grandes expositores da Bíblia, ou já morreram, ou estão jubilados."

    Abraços.

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  4. Donizete, gostei do texto. Entendi tudo!! EEEEH!! Sempre soube que não se pode utilizar um versículo isoladamente para fundamentar uma doutrina. Mas qual deve ser o contexto? Um texto? Um capitulo ? Um testamento? Pois a Bíblia é um livro que é uma coletânea. Uns são proféticos, outros não. Uns canônicos, outros apesar de não canônicos tb são utilizados como referência não é? Então qual é o contexto? A Bíblia como um todo? É sempre assim?
    Um abraço!
    Muito obrigada por sua atenção e visita ao meu blog.
    Fica com Deus.

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  5. Edu, "ensinos que já não tem nenhum valor prático para o homem pós-moderno.(e até mesmo para a prática de fé do homem pós-moderno)"

    Que ensinamentos poderiam não ser apropriados para os pós-moderno?

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  6. Doni, eu conhecia este texto do camarada Rubem e concordo com ele plenamente.

    Falando em Shedd ele comentou nestes dias em que esteve aqui em Aracaju, sobre a revelação progressiva da bíblia. Garanto que lembrei muito do Edu kkkkkkkkkkk Muita coisa que ele falou, este herege iria estrebuchar.

    Abraço amigo.

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  7. Oi Mariani.

    Um dos problemas que surgiram após a divisão da Bíblia em capítulos e versículos, foi exatamente ao acentuar a possibilidade de se desconectar fragmentos de um texto, e particularizar uma interpretação que não estava originalmente no pensamento do autor. infelizmente isso acontece frequentemente.

    por isso que uma das regras elementares da hermenêutica, é de que o contexto (macroexegese) deve ter a prioridade no entendimento das escrituras. Como não sou defensor da inerrância, não acredito que a Bíblia a si mesma interpreta, como advoga alguns. existem elementos da história e da ciência, que precisam ser adicionados para uma melhor compreensão.

    O entendimento do contexto literário e histórico também é fundamental. pois muitos textos tiveram valor apenas temporal. considerando também que todos os escritores bíblicos viveram num mundo pré-científico, e seu conhecimento do mundo era primitivo, segundo nossos padrões. Então não podemos adotar a cosmovisão deles e a partir dela buscar o modelo para a nossa realidade.

    Outra regrinha básica da hermenêutica, e de que, se dois textos parecem contradizer um ao outro, o mais claro deve lançar luz sobre o ambíguo.

    Abraços.

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  8. Oi Guiomar,

    Imagine o Edu, o Rubem Alves e o Shedd num workshop de discussão teológica? Dois contestadores hereges ao lado dum conservador sereno. Como terminaria? rsssrss.

    Abração!

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  9. Doni,

    pois vejo em você alguém que é um grande expositor bíblico; possui sua base doutrinária de fé mas sabe muito bem como tais doutrinas são construídas e como se deve expô-las na igreja de modo que façam sentido ao homem de hoje.

    por isso eu gosto tanto dos rabinos e cabalistas, pois eles são capazes de cavar o texto da torá e tirar dela ensinamentos inimagináveis para um leitor superficial.

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  10. Gui,

    eu não iria estrebuchar não...conheço bem a tal "revelação progessiva" da biblia(nada tem a ver, é claro, com o pt....kkkkk), mas tem tudo a ver com as teorias pedagógicas de piaget. ou seja, é só uma interpretação bíblica a partir de compreensões pedagógicas modernas.

    nada de mais.

    e amiga, como assim

    "Que ensinamentos poderiam não ser apropriados para os pós-moderno?"

    você não leu o texto e concordou com o rubens?

    beijinhos progressivos para você. rss

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  11. Doni,

    por favor, eu não sou digno de amarrar os cadarços dos sapatos do shedd e nem do alves...

    mas falando em exposição bíblica, você faz parte do "ministério" da sua igreja? ou e professor?

    agora, sobre sua frase


    "Outra regrinha básica da hermenêutica, e de que, se dois textos parecem contradizer um ao outro, o mais claro deve lançar luz sobre o ambíguo."

    eu não seguiria essa regrinha não..

    eu diria que quando dois textos bíblicos se contradizem(e existem centenas deles nessa situação) o problema é a diferente visão de cada autor sobre a questão tratada.

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  12. Edu e Donizete, sabe que fiquei pensando em uma coisa. Se a Bíblia é um livro inspirado e seu objetivo é unidade, já que segundo dizem ela é a única fonte que devemos adotar quando o assunto é Deus, não é uma contradição que haja tanta contradição? POis até mesmo aquela questão que te perguntei Donizete sobre a imagem que podemos formar de Deus, a Bíblia ela tem duas versões. No velho testamento Deus iracundo, no novo Deus pai bondoso. De um lado, um Deus que tudo faz por amor, Do outro um Deus que é segundo dizem alguns "fogo consumidor". Então, essa história de texto mais claro não é subjetivo tb?
    Outra coisa, se Deus escolheu os simples, por que deixaria um livro com tanta complexidade? Veja que para fazer uma interpretação, é preciso fazer certas análises e conhecer o contexto histórico e etc... A bíblia é o centro e verdade absoluta desde quando? Quem e em que momento, se isso aconteceu, a bíblia foi santificada como a quarta pessoa da trindade?

    Abraços!!
    O Edu disse que podia perguntar.

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  13. mari,

    você pergunta

    "não é uma contradição que haja tanta contradição?"

    e eu te respondo, não!

    seria esquisito sim, se uma coletânea de textos religiosos escritos num período de 1600 anos se harmonizassem perfeitamente uns com outros.

    aí sim, teria algo de muito errado...

    as contradições da bíblia são o reflexo do pensamento e da fé do israel antigo; os escritores bíblicos não eram anjos e sim, homens, com todas as suas contradições, ambiguidades e visões particulares do mundo e de deus.

    num cenário assim, o contraditório é esperado e até desejável. logo, esqueça daquelas teorias ortodoxas da "inerrância bíblica" e da "inspiração plena ou verbal"

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  14. Eu já esqueci!!! rs... E meu questionamento foi feito porém sob essa ótica de quem acredita nisso piamente. Como acreditar na inerrância diante desses dados? Isso q vc falou é o que eu acredito tb, já falei isso em outros comentários. O que quis saber é como a teologia que afirma que a bíblia é a verdade absoluta, como ela explica essa contradição e consegue afirmar tudo isso? A partir de quando essa idéia acompanha a igreja? Foi logo que a bíblia foi compilada? Foi por causa de algum dado histórico ou naturalmente se aceitou que o texto bíblico é a verdade sobre Deus?

    Abraços,Edu! Gracias!

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  15. Mariani

    A sua pergunta sobre as contradições foi no meu ponto de vista, respondido satisfatoriamente pelo Edu. Agora, em relação as demais, vou tentar fazer o impossível, responder sinteticamente à temas tão intrincados.

    “Outra coisa, se Deus escolheu os simples, por que deixaria um livro com tanta complexidade? Veja que para fazer uma interpretação, é preciso fazer certas análises e conhecer o contexto histórico e etc...”

    Resposta: A premissa de que devo ser capaz de abrir a bíblia e compreende-la porque ela é a palavra de Deus é falha. Essa idéia foi colocada pelos puritanos, que criam na clareza das escrituras. Para eles as escrituras era simples o bastante para que uma criança a compreenda. Veja que os puritanos criaram suas próprias doutrinas, se isolaram por serem diferentes, resultado: O movimento não resistiu por muito tempo.

    O problema começa Mariani, com a simples constatação de que a Bíblia não foi escrita na nossa língua. Nesse primeiro estágio já nos tornamos dependentes da credibilidade dos tradutores. Aí que se encaixa a tarefa do teólogo, que diga se passagem é complexa demais! Porque à Bíblia não é uma teologia sistemática, e nem nos apresenta exposições doutrinárias organizadas. Cabe aos teólogos esse trabalho.

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  16. “aquela questão que te perguntei Donizete sobre a imagem que podemos formar de Deus, a Bíblia ela tem duas versões. No velho testamento Deus iracundo, no novo Deus pai bondoso. De um lado, um Deus que tudo faz por amor, Do outro um Deus que é segundo dizem alguns "fogo consumidor".
    Então, essa história de texto mais claro não é subjetivo tb?”


    Resposta: O AT foi escrito numa conjuntura em que a religião era estatal. Javé era Deus dos exércitos, guerreiro e vingativo. A figura do diabo ainda não existia. Não era considerada naquele contexto. O fator causalidade era considerado de forma acentuada no pensamento hebreu.

    E boa parte desse pensamento continuou vigente na igreja nascente. Lembra de Ananias e safira, e o castigo imediato sofrido por Herodes. Ambos os casos relatados no livro de atos.

    A questão é que os escritores atribuíam a Deus a responsabilidade inclusive por estes atos.
    Mas na verdade Mariani, Deus sempre foi o mesmo! A conjuntura é que determinava quais seriam seus atributos mais atuantes, a partir da interpretação dos escritores.

    Lembra que na idade média, a própria igreja colocou uma armadura em Jesus e o convidou para as cruzadas? É uma questão de cosmovisão!

    “A bíblia é o centro e verdade absoluta desde quando? Quem e em que momento, se isso aconteceu, a bíblia foi santificada como a quarta pessoa da trindade?”

    Resposta: Com a reforma protestante, um lema ganhou destaque: “sola escriptura”, mas o conceito de inerrância como conhecemos hoje, só ganhou força no início do século XX, com o advento do movimento fundamentalista, que tentava com isso conter o pensamento liberal.

    Sobre sua ultima pergunta: Quando foi fechado o Cânon do novo testamento! Mas ainda que muitos não aceitem, existem controvérsias sobre este fato: alguns estudiosos supõe que pode ter havido falha, tanto na seleção como no critério para concluir a canonicidade de um escrito. Tanto é verdade que Martinho Lutero depreciava a carta de Tiago. Ele colocava em cheque a canonicidade da epístola.

    Pode ser que algum livro de autoridade tenha ficado de fora da lista? Só os fundamentalistas admitem que não.

    Abraços.

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  17. Errata.

    Mariani,

    Resposta: A premissa de que devo ser capaz de abrir a bíblia e compreende-la porque ela é a palavra de Deus é falha. Essa idéia foi colocada pelos PURITANOS, que criam na clareza das escrituras...

    No lugar de "puritanos" leia-se "Pietistas".

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  18. doni e mariani

    "Deus sempre foi o mesmo! A conjuntura é que determinava quais seriam seus atributos mais atuantes, a partir da interpretação dos escritores."

    boa!!!

    mas aí é que entra o edu questionador para dizer que na verdade, deus nunca falou uma única palavra do que está escrito na bíblia, cada escritor, profeta, rei, soldado, pescador, farizeu, etc, lhe pôs as palavras em sua boca conforme recebia do próprio inconsciente.

    pronto, essa nem o sábio doni vai suportar..kkkkkkkkkkk

    mari,

    os fundamentalistas, autores da doutrina da inerrância, costumam fazer verdadeiros exercícios para conciliar as contradições(ou cosmovisões) diferentes da bíblia, já que eles não aceitam que haja tais cosmovisões.

    existem narrativas bizarras sobre a forma de se chegar ao cânon do NT. uma dela nos diz que os evangelhos escolhidos foram 4 por que, dentro outras coisas, 4 eram os pontos cardeais...(citado por Voltarie)

    imagina se dá para levar essa construção canônica como algo inspirado pelo espírito santo?

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  19. ARREBENTOU Doni, nas suas considerações e no texto que postou do Rubão!!!

    Creio que é até desnecessário acrescentar algo diante de um texto tão claro e de comentários tão provocativos e bem elaborados dessa galera!

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  20. Edu, não seja MALÉFICO! rs..
    Eu pensei que houvesse motivos mais profundos para escolha dos livros.
    De qualquer forma, os senhores deram uma aula magnífica. rs...
    Abraços!

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  21. doni,

    aprendiz de herege:(as más conversações corrompem as boas doutrinas ortodoxas - releitura livre minha do provérbio...kkkkk)

    sabe, tô com uma vontade de reunir toda essa galerinha boa que gosta de estudar a bíblia e refletir sobre ela em uma confraria; o que achas?

    eu, você, kilim, mari, gui, levi, o fêssor, o rodrigo e tantos mais que venhamos a convidar para a empreitada. pessoas que tenham a mente aberta(sem necessariamente ser um herege como eu), que tenham conhecimento bíblico ou mesmo que escrevam devocionais reflexivos, juntos num mesmo blog coletivo.

    a confraria dos pensadores fora da gaiola começou assim, mas aí os crentes críticos se debandaram para o ateísmo ou ceticismo e agora não querem mais falar em nada que seja bíblico. alguns viraram críticos ferrenhos e intolerantes contra a fé religiosa e de "crente"(a maior das ironias...rs) só sobrou praticamente eu...e o levi, que passeia maravilhosamente bem pelos aspectos psicológicos dos textos bíblicos.

    vamos pensar a respeito?

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  22. Mariani,

    O Edu foi "maldoso" com os pais da igreja!!! Você viu?... é só dar corda que ele aparece com suas tiradas cômicas!(No bom sentido da palavra).kkkkkkkk.

    Edu,

    Li não sei onde, que o problema com as heresias, é que elas satisfazem o desejo natural do coração humano decaído. A heresia reflete a maneira em que gostaríamos que as coisas fossem, e não o modo em que Deus estabeleceu.

    Outra grande verdade: existe uma compreensão de que a ortodoxia é chata, sem imaginação e protecionista, enquanto a heresia é ousada, criativa e inovadora.

    Por isso esta satisfação toda em ser herege?
    kkkkkkkkk

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  23. Edu,

    Sobre sua proposta, para mim seria um prazer dividir um espaço com toda essa gente boa. Excelente ideia! Como dizem: Tô dentro!

    Abraços.

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  24. doni,

    pode ser...o herege é por natureza, um não conformado com a maioria, com o que está estabelecido sob régio poder papal, "imexível" como diria o nobre ministro do qual não lembro mais o nome...kkkkkkk lembrei: magri, do collor....kkkkkkk

    mas na verdade, eu advogo que em matéria de fé e crença, cada um tenha suas convicções mas que estejam abertos para mudarem se necessário. ou não. vai depender, é claro, do argumento...rs

    então, vamos movimentar a ideia!!!! vamos passar para a galera e vê se eles aceitam!

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  25. Donizete,
    acho que no afã de querer "destrinchar", contextualizar, relativizar, decobrir o que vale e o que não vale, citar o que um ou outro diz a respeito (am vários casos a opinião de ateus),
    acho que estamos começando a tranformar a Bíblia em mais um manual de filosofia, e se for isso mesmo para que ter fé no que ela diz, se antes dela já tinhamos a Sócrates, Platão, Aristóteles entre outros?
    Será que não há nada na Bíblia que podemos aceitar pela fé, sem cair num fanatismo anacrônico e sem sentido?

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