quarta-feira, 14 de setembro de 2011

No que creio

Por José Lima.


Minha confissão de fé tem sua base no Cristo ressurreto do Evangelho, mas a minha interpretação do Evangelho de Cristo, sofre alterações, pois num universo em movimento a teologia também não pode ser estática. Neste sentido não posso me dar o luxo de ficar estagnado. 

O meu credo expressa não uma filosofia, mas a minha dialética com a vida, a partir desses pressupostos, esse credo está em aberto, passível de reinterpretação. Isto é, quando a minha teoria for confrontada com as contingências, faço revisão, dou "ré", e tento ver o que deixei de ver, pois é isso na minha existência que me faz decifrar os mistérios que são revelados nas ambivalências da vida! Não desejo ser mais teólogo, mas teófago, meu discurso não tem mais a premissa na lógica do Logos, mas na ilógica dos dissabores da vida! ...Sendo assim quero deixar registrado algumas bases da minha fé. 

1 – Creio que a “verdade” é que toda a “verdade” é cristo, somente cristo tem o absoluto da verdade, no demais o único absoluto é o relativo.

2 – Creio que a todo ponto de vista é à vista de um ponto, nós sempre vemos de um ponto, somente Deus tem todos os pontos de vista e tem a vista de todos os pontos.

3 – Creio que a nenhuma teologia pode responder as questões de fé, e se apresentar como resposta aos paradoxos da vida.

4 – Creio que a própria palavra “teologia”, já é um paradoxo, pois não se estuda Deus, ele não é um objeto estático que se observa e se descreve, Deus se experimenta, e quem o experimenta não consegue descrever.

5- Creio que a palavra “Teólogo” é um termo que descreve aquele que estuda Deus, mas visto que Deus não se estuda, mas se experimenta, prefiro então o termo “Teófago”, por isso Jesus disse: “aquele que comer da minha carne e beber do meu sangue”.

6. Creio que se tivesse mais “Teófago”, do que “Teólogo”, teríamos menos discurso, e mais bondade, pois quem discursa sobre Deus, tem argumento até para genocídio, encontra razão para matar, mas quem experimenta Deus compreende que a razão se fez carne e preferiu morrer!

7 – Creio que o amor de Deus rege o universo e não o poder, pois o amor relativiza o poder, e admite ser contestado, o poder se impõe. Deus admite abrir mão do poder de impor, aceitando o homem se opor, a onipotência de Deus está em que ele pode não poder!

8 – Creio que a vida é o bem maior que temos, devemos reciclar tudo em nossa existência e descartar o que não tiver conexão com a vida, o verbo se fez carne e não discurso, por isso a teologia piedosa e verdadeira tem como lente “cristo em carne”, e não “cristo em discurso”. 

9 – Creio que a as pessoas estão acima das instituições, por isso toda instituição existe em função das pessoas e não o inverso, quando inverte-se esse principio, a confissão de fé tiraniza torna-se exploradora e opressora, sendo meio de destruição daquilo que se propõe re-construir: "A imagem de Deus no homem".

10- Creio que a noticia alvissareira do evangelho é que “Deus se tornou carne”, Ele não apresentou teses de seu poder com verdades eternas, mas simplesmente enfrentou na carne os paradoxos da vida.

11 - Creio que Deus não se busca, pois ele não está “Lá” onde preciso me esforçar para encontrá-lo, embora Ele seja transcendente, “Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de tudo”, Ele é transparente “por tudo”, também é imanente “e em tudo”. (Ef 4:6).Sendo assim todos esforços para “buscar Deus” é desnecessário, pois ele está em tudo, embora não seja tudo!

12 – Creio que em Cristo a teologia tem sua gênese “de baixo para cima”, e não de “cima para baixo”, afinal ele desceu, para depois subir, quem deseja subir, deve andar na poeira das suas sandálias, não se encontra Deus no “Espírito”, pois Deus se encontrou com o homem “em carne”.

13 – Creio que a adoração deve começar na horizontal, e não na vertical, pois a recomendação de Cristo é que ao ofertar a Deus “vertical”, e lembrar-se que teu irmão tem algo contra ti “horizontal”, deixa a tua oferta e vai reconciliar com o teu irmão. Ou seja, o caminho para a dimensão vertical (Deus) tem sua genética na horizontal (homem).




14 comentários:

  1. Donizete, é a primeira vez que vejo uma declaração de fé sem ser viciada nas tendências teológicas de gueto.

    Essa frase me impactou pela honestidade, equilíbrio e coerência:

    "O meu credo expressa não uma filosofia, mas a minha dialética com a vida, a partir desses pressupostos, esse credo está em aberto, passível de reinterpretação. Isto é, quando a minha teoria for confrontada com as contingências, faço revisão, dou "ré", e tento ver o que deixei de ver, pois é isso na minha existência que me faz decifrar os mistérios que são revelados nas ambivalências da vida!"

    Diante da realidade objetiva, nossas convicções subjetivas precisam ser resignificadas ou recicladas a fim de oferecer resposta coerente as demandas da vida.

    Isso não significa perder a essência do que cremos, mas nos dar a oportunidade de crescermos em novas percepções sem ficarmos pedrados em teologias que são obsoletas.

    Muito bom cara!Parabéns pela lisura com que escreveu.

    Um abraço.

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  2. Amei. Muito bom. Olha que ja tentei mas voltei a minha antiga confissão. rsss. Meu marido disse ontem que vai escrever um credo.

    Gostei desta parte aqui:
    "Sendo assim todos esforços para “buscar Deus” é desnecessário, pois ele está em tudo, embora não seja tudo"!"Embora não seja tudo" foi ótimo.

    Sabe Donizete, vejo um grande valor nas confisão de fé, vejo as como ponte entre revelação, algumas perderam seu valor mas outras permanecem por sua sensatez e como fonte de um alimento de fé. Bom, sempre me submeto a autoridade da escritura, que somente a Bíblia pode figurar como única regra de fé e prática aos cristãos. Por isso não desprezo as confissões para as igrejas. Pois muitos que tem desprezado as confissões, têm enveradado por caminhos que envergonham o evangelho de Cristo. Por isso gosto das confissões pois traz clareza da crença e a franqueza no debate teológico, enquanto que os padrões não escritos são de manipulação dos detentores do poder denominacional.Paz querido!

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  3. Prezado(s)irmão(s) do conexão da graça,

    Não é a confissão de que não temos firmeza em relação as nossas convicções, mas sim o reconhecimento que existe um universo de coisas a serem reaprendidas e reinterpretados. acredito que ser flexível nesta questão é uma maneira prática de desenvolvermos nosso treinamento cognitivo. E neste aspecto, ainda que seja um incômodo, as vezes se faz necessário aplicar um ponto de interrogação nas nossas certezas e convicções, evitar todo tipo de dogmatismo, colocar em cheque até mesmo se necessário os axiomas relacionados à bíblia.

    Você disse:

    "Isso não significa perder a essência do que cremos, mas nos dar a oportunidade de crescermos em novas percepções sem ficarmos pedrados em teologias que são obsoletas".

    Uma breve análise da História da igreja nos permite concluir que muitos sistemas teológicos ruíram com a mesma rapidez com que foram construídos. E não estou me referindo a modismos apenas, destes que surgem no meio evangélico todos os dias. Mas de construções que a princípio pareciam sólidos. Contudo não resistiram a medida em novas concepções começavam a ganhar força. Nasci no meio pentecostal, mas as vezes me pergunto: Até quando durará este movimento? Seria apenas uma nova edição do montanismo? Seria o neo-pentecostalismo o início de um declínio que culminará com sua extinção? É apenas um exemplo entre muitos. Então conclui-se que muitas doutrinas importantes do passado se tornaram obsoletas. E quem garante que algumas que na confissão de fé de muitas denominações, tem status de dógmas não cairão no esquecimento no futuro. Não custa nada ponderar acerca de tudo isto.

    Até mais.

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  4. Rô,

    Deus não é apenas transcendente e imanente. É também transparente, nos ensina Leonardo Boff. Transparência segundo Boff significa a presença da transcendência dentro da imanência. Em outras palavras, significa a presença de Deus dentro do mundo e do mundo dentro de Deus. Conforme se expressou Paulo: Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de tudo (transcendência), por tudo (transparência) e em tudo (imanência). Neste triângulo transcendência-imanência-tranparência, o mundo não é negado, pois Aquele que é transcendente está nele, dando-lhe sentido, e também não é absolutizado como realidade última, pois Aquele que é imanente está nele, e ninguém encontrará sentido no mundo antes de encontrar-se com o transcendente que nele também está.[...]
    Somente uma mente brilhante como Boff poderia nos fornecer uma definição tão completa deste aspecto da natureza de Deus.

    Até mais.

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  5. alô, teófago, beleza?

    gostei muito do teu texto com tua confissão de fé "sempre em construção".

    "pois num universo em movimento a teologia também não pode ser estática."

    concordo com você; também falo de teologias, no plural, pois não há "a" teologia verdadeira ou a teologia falsa.

    só quero deixar poucas observações a partir do meu ponto de vista sobre alguns tópicos da sua confissão.

    nenhuma teologia esgota o assunto a que se propõe. teologia, na verdade, não é estudar deus, pois deus não é um objeto para ser estudado; eu concebo teologia como o estudo do que os grandes homens de fé construíram, não pelo estudo de deus, mas pela relação que eles construíram com deus. aqui concordamos plenamente.

    não entendo bem a afirmação de que deus "está em tudo" mas não é tudo, logo, podendo está a parte de tudo, do todo. concebo a ideia de que deus não está "fora" do universo, pois assim, ele seria mais um objeto ou energia do universo e poderia ser percebido como tal; prefiro a ideia de que tudo está "em" deus(pananteísmo); por isso, não podemos deixá-lo fora de nós para observá-lo, já que tudo está como que "dentro" dele.

    gosto muito também do viés existencialista que você tem da fé evangélica e de uma cristologia "de baixo pra cima".

    "o amor de deus rege o universo" - creio ser um boa concepção, assim como a autolimitação do poder divino; e é exatamente mediante a esse entendimento, que eu proponho o universalismo como a aceitação de que deus não se manifestou apenas para os "eleitos" hebreus, nem só em jesus, muito menos só no cristianismo, pois como seu amor é livre, ele abraça a toda confissão de fé que a ele vem em amor, tal qual o pai do filho pródigo.

    no mais não teria tanto a discordar de você, amigo teófago. mas creio haver um paradoxo ou uma contradição logo na primeira e na segunda assertiva da sua confissão.

    se você diz que tem só em jesus "o absoluto da verdade", como ter certeza disso se "todo ponto de vista é à vista de um ponto, nós sempre vemos de um ponto, somente Deus tem todos os pontos de vista.." ?

    de acordo com essa afirmação, não podemos nem mesmo saber qual seria todos os pontos que deus vê, e então, como afirmar categoricamente que um desses pontos de fato, abarca todo os demais?

    jesus como homem, como ser humano de carne e osso, relativizou sua divindade(se crermos que ele era divino antes de ser homem), tornando-se também ele "um ponto", um ser histórico.


    não estou negando a verdade que há em cristo, estou relativizando que apenas em cristo esteja TODA VERDADE ABSOLUTA, exatamente devido à nossa miopia epistemológica-teológica, digamos assim.

    no mais, amigo, podemos caminhar na concretude da vida buscando sempre, refletir na vida, a vida de jesus. isso realmente é tudo que importa.


    abraços

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  6. olha, deixei uma resposta ao seu comentário sobre o meu texto sobre pluralismo, mas deixa eu pôr aqui uma outra observação.

    o pluralismo resulta da compreensão de que tudo o que existe, existe como interpretação de nossa mente consciente, inclusive no meio científico. é exatamente o pluralismo que proporciona que o cristianismo seja respeitado como interpretação espiritual e existencial válida a partir do evento de cristo, sem que seja atacado(como muitos neo-ateus hoje fazem)como se fora ilusão, visto que a própria posição ateísta é apenas um relativo que não pode se arvorar a posar de "racional absoluto" em contraste com o "irracional" do pensamento religioso, já que este pensamento religioso é válido como leitura de mundo que a mente consciente de quem crê elabora.

    valeu

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  7. Eduardo,
    Você disse: “ nenhuma teologia esgota o assunto a que se propõe. teologia, na verdade, não é estudar deus”,
    O texto não significa uma ruptura epistemológica com a teologia tradicional. Pois sabemos que em termos simples, o teólogo é alguém que tem conhecimento ou fala acerca de Deus, a teologia é aquilo que se pensa ou se diz a respeito de Deus. Portanto, a despeito de toda sofisticação e dos ataques de pelanca de pessoas que acreditam se tratar da Rainha das ciências, de modo geral toda vez que pensamos em Deus, envolvemo-nos com a teologia. A pergunta, portanto não é se seremos teólogos, não temos escolha quanto a isso. Pelo contrário, a questão é que tipo de teólogos seremos, bons ou maus, responsáveis ou irresponsáveis. A premissa reside no fato que qualquer formulação teológica seria mais consistente a partir do “experimentar Deus”. Por exemplo, alguém pode crer e falar de e sobre Deus, mas não ter nenhuma experiência com Ele, enquanto outro pode “experimentá-lo”, mas não conseguir expressar em palavras seu sentimento (sabor). Neste sentido quem no aspecto relacional leva vantagem? Daí a expressão teofagágica.
    Em relação a sua duvido acerca do item 11, particularmente não concebo a idéia do panteísmo nem pananteísmo, ou de outras conjecturas teosóficas. Mas num deus que se envolve, excluindo assim também a possibilidade de qualquer afirmação deísta. Na teologia clássica não cabe nenhum desses conceitos. Parece paradoxal dizer que deus está em tudo e ao mesmo tempo negar o pananteísmo, mas trata-se de uma explicação antropomórfica de Efésio 4:6. A transparência de Deus, segundo Boff, é enxergada nos relacionamentos entre indivíduos. Por exemplo, pegando um gancho na postagem do conexão da graça, é patente a manifestação do divino nos atos do Betinho, da madre Tereza de Calcutá e etc... Neste sentido compartilho a idéia da pluralidade em detrimento da exclusividade. Pois Deus não se vê somente através daqueles que estão no seu “ambiente” (igreja).

    Você constatou uma aparente discrepância entre a primeira e a segunda assertiva.
    Mas Eduardo, o cristianismo está fundamentado na convicção de que a verdade existe e que Deus é sua fonte e autor. A verdade cristológica não ser rebaixado ao nível de conjecturas ou filosofias que se permite aventurar na busca por supostas verdades. É uma afirmação axiomática reconheço, contudo não poderia jamais abrir mão dela. Portanto não a reduzo a um simples ponto de vista.
    Você disse: não podemos nem mesmo saber qual seria todos os pontos que deus vê, e então, como afirmar categoricamente que um desses pontos de fato, abarca todo os demais?
    Deus, na verdade, tem todos os pontos de vista e vê através de todos eles.(antropomorfia) A nossa miopia é que reduz, talvez por prudência, nossas convicções a pontos de vista apenas. Ele entende seu ponto de vista universalista-pluralista, como também vê através do meu ponto de vista exclusivista. Agora, para qual lado fica estacionado o pêndulo é uma outra história.
    Valeu pela visita.

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  8. Eduardo,

    Li sua resposta no seu blog, na verdade no mundo pós-moderno constituido por indivíduos ultra-desenvolvidos intelectualmente, crer em salvação,em vida eterna, requer um esforço considerável. Além do mais supor que existe uma monopolização no que se refere ao alcance da mesma complica ainda mais. Por isso a pluralidade entra como um alívio para esta tensão. É muito mais simpática, mais atraente, apresenta veículos e caminhos alternativos e tudo o mais. contudo a unica base são filosofias construídas a partir de premissas humanas.

    Vou confessar Eduardo. No início da minha jornada neste campo, adotei como referência o R.N. Champlin. O dia que descobri que ele era universalista, acreditei ser o fim de todos os meus problemas. Afinal, era tudo que precisava, necessitava de alguém de respeito que endossasse esta tese. queria acreditar como muitos que todos os caminhos levam a Deus, seria ótimo.
    Mas tudo não passou de uma crise, de um sonho.

    Mas para você e todos universalistas o texto de Romanos 5 a partir do verso 12 é perfeito. Pimentinha final, como diria você! rsrsrs

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  9. Donizete, lendo seu texto imaginei você uma pessoa muito tranquila, muito convicta da sua fé.
    Bom, não lhe vou pedir licença para publicar seu endereço no facebook, acho que todo mundo deve saber verdades tão preciosas e creio que você realmente deseja compartilhar.

    ""A NÓS FORAM-NOS DADOS DEUS EM NOSSA ALMA E CRISTO NA NOSSA CARNE". Brennan

    Publiquei no face e gostaria do seu comentário.
    Abraço.

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  10. donizete, vou comentar algumas afirmações suas.

    "O texto não significa uma ruptura epistemológica com a teologia tradicional. Pois sabemos que em termos simples, o teólogo é alguém que tem conhecimento ou fala acerca de Deus, a teologia é aquilo que se pensa ou se diz a respeito de Deus."

    olha, eu vejo sim algum indício de ruptura com a teologia tradicional, mas enfim, se você diz que não, é não, apesar da sua frase me fazer entender isso:

    "pois num universo em movimento a teologia também não pode ser estática."

    a teologia tradicional endossaria essa sua frase? no mínimo, a veria com certa precaução...rs

    parece que inconscientemente, achamos que "teólogo" é um ente exclusivo do cristianismo e que ele teria algum conhecimento de do "verdadeiro deus". é claro que essa ideia é falsa, já que existem teólogos das mais diversas tradições religiosas(ainda que não recebam esse nome), e eles também têm um conhecimento sobre deus mas que difere do conhecimento tradicional do cristianismo.

    é aí que a porca do exclusivismo torce o rabo e protesta dizendo que só a bíblia, só o cristianismo, possuem "a verdade sobre deus e sobre todos os mistérios metafísicos".

    logo, só há teólogos de verdade no cristianismo. e claro, no cristianismo ortodoxo.

    e reafirmo meu entendimento que teólogo é aquele que "manipula e constrói" os dogmas da sua tradição de fé; e que teologia não é estudar deus, algo impossível(aliás, boff pensa assim, já você citou o seu termo "transparência" que eu tenho também como uma espetacular construção), mas sim, estudar o que os "pais da fé" entenderam sobre suas experiências com a fé e com a divindade.

    por isso, toda teologia é construção de teólogo, e não construção divina.

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  11. "Mas num deus que se envolve, excluindo assim também a possibilidade de qualquer afirmação deísta".

    quanto a essa questão, acho que não vale a pena prolongar a discussão, pois não teria por quê eu tentar refutá-la, já que é a concepção que lhe traz mais sentido e para mim, é pessoal.

    o máximo de heresia(rss) que eu poderia dizer é que essa é apenas uma das opções teológicas concebíveis. mas concordo que essa é a compreensão da teologia da torá e dos profetas e discorda do deus impassível e imutável da teologia carregada nas tintas da filosofia grega.

    "Mas Eduardo, o cristianismo está fundamentado na convicção de que a verdade existe e que Deus é sua fonte e autor. A verdade cristológica não ser rebaixado ao nível de conjecturas ou filosofias que se permite aventurar na busca por supostas verdades"

    disseste bem, amigo, "convicção", mas de convicção o mundo religioso está cheio.

    eu também acredito que A VERDADE existe, só que o problema é que existe a minha verdade, a sua, e A VERDADE, está que nos é inacessível e que o cristianismo cristalizou na cristologia e outras religiões cristalizou em suas crenças.

    aliás, só o fato de haver "cristologias" já é um indício de que é impossível haver A CRISTOLOGIA VERDADEIRA.

    mas tudo bem, não vejo problemas práticos com esses absolutos, apenas quando esses absolutos promovem a exclusão, a discórdia, a guerra, e a falta de amor e compreensão com o diferente.

    prá terminar, não concebo deus com um pêndulo...rsssss einstein não via deus jogando dados, eu, não vejo deus balançando pêndulos...kkkkkkkkkkkk

    prá descontrair...abraços

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  12. Eduardo,
    No meio acadêmico, existe o reconhecimento generalizado de que algumas doutrinas são mais importantes que outras, que pode ser estabelecido uma graduação, uma separação entre doutrinas essenciais e não essenciais. De modo geral podemos dizer que todas as doutrinas possuem o seu valor, mas muitas não fazem parte do cerne do Kerygma apostólico. Eu trato desta questão no texto credos e confissões. e por essa razão dentro de uma escala de valores, algumas doutrinas podem ser classificadas até de quinto valor. Os teólogos são unânimes em declarar que há um cerne de verdade que se estabeleceu ao longo dos séculos, sobretudo no período Patrístico, e sobre o qual existe a concordância por todos os cristãos, independente de sua confissão, seja calvinista, arminiano, luterano, católico, liberais e fundamentalistas. Ou seja: o sine qua non do cristianismo. Algumas delas estão na categoria dos dogmas que são aceitos por toda a cristandade. E a negação destas verdades se constituirá heresia.
    São construções teológicas desta categoria que considero como sendo a teologia clássica, e nem em pensamento romperia com elas.
    Eduardo, para me entender melhor, leia a resposta que fiz ao comentário da Rô.” Apesar de viver num ambiente pentecostal, não atribuo valor de primeira grandeza a este sistema. Então neste sentido é que, se necessário for faço revisão do meu conceito, e dependendo do resultado, não estaria blasfemando ao renegá-lo.
    Adotei como lema um pensamento fantástico do teólogo James Sawyer:
    No essencial, precisamos ter unidade.
    No não essencial, precisamos ter tolerância.
    Em todas as coisas, amor.

    Até mais.

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  13. Eduardo,
    Falastes bem, depois que Pilatos perguntou a Jesus, o que é a verdade, numerosas definições já foram propostas, mas nenhuma é universalmente aceita. Muitas disciplinas apresentam diferentes critérios para estabelecer o que é a verdade, mas nenhuma recebe aclamação universal. Poderíamos citar as definições de Marx, Engels, Kant e muitos outros pensadores. Poderíamos também buscar a origem etimológica ou a natureza da palavra. Estudar o que o termo grego aletheia ou o termo hebraico Emunah tráz em seu significado. nada fará com que alguém (ou você rsrs) mude de opinião, e rompa com o conceito de que não existe verdade absoluta.
    Para mim a maior de todas as verdades é o EVENTO CRISTO. Esta verdade está radicado na história com todas as suas contingências. E através desta verdade chega-se a outras com este mesmo status.
    Emil Brunner declara que a verdade é alguma coisa que acontece. Jesus é a verdade.

    Abraços.

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  14. “Jesus era conhecido em toda Galiléia, fez milagres em plena luz do dia, pregava nas sinagogas, andava na casa de um e de outro, batia de frente com os líderes fariseus, ou seja, figurinha carimbada na Palestina. Por que diabos então Judas precisou identificá-lo com um beijo? Historinha mais mal contada esta.”
    O Provocador

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